sábado, 2 de janeiro de 2010

MAXIMAFILIA

 



LUNDY



Os assinante do excelente “Jornal Filatélico”, que durante alguns anos se publicou em Lisboa sob a Direcção do seu fundador e proprietário, o nosso prezado amigo Alberto Armando Pereira, hão-de recordar-se que no seu número de Março de 1963 ele aconselhava o seu ”amigo Anastásio” a ir ao médico para que o curar da ideia absurda de transformar a ilha e castelo de Almourol num centro de turismo, com a faculdade de emitir selos privativos, a apor obrigatoriamente na correspondência que de lá saísse, para pagamento do seu transporte entre Almourol e Vila Nova da Barquinha na margem do Tejo (fig. 1).

Poucos serão os filatelistas que terão conhecimento da existência de uma outra ilha, que há muitos anos, precisamente em 1 de Novembro de 1929, foi realizada a ideia do ”amigo Anastásio”. Trata-se da ilha de Lundy, que se situa à entrada do canal de Bristol, a cerca de vinte milhas da costa de Devonshire, a SSO da Inglaterra.
Segundo a Enciclopédia Britânica o seu nome, “ilha dos mergulhões”, foi-lhe dado pelos Vikings (de “lunde”, megulhão e “ey”, ilha” por nela pulularem estas aves, assim como gaivotas, corvos marinhos, guileminos e outras. Também há cabras selvagens e alguns póneis que quase o são.



Desenvolvendo-se verticalmente na direcção NNW (fig. 2), esta ilha tem cerca de 16 km de comprimento e 3 km na sua maior largura e a sua superfície é e pouco mais de 4 km 2. O ponto mais alto da ilha está 312 m acima do nível do mar e a sua população era em 1963 de 40 pessoas, incluindo os faroleiros. As suas costas, especialmente a ocidental, estão rodeadas de penhascos de granizo, só no extremo sudoeste existe o único porto da ilha numa pequena enseada.
A ilha serviu originariamente de base a piratas contrabandistas, tendo a coroa inglesa dela tomado posse em 1150. O seu castelo (fig. 3) foi erigido de 1170 a 1200 por William de Marisco (não haverá aqui ascendência lusíada?), cuja família governou a ilha periodicamente até 1327. O parlamento vendeu-a em 1647 a Lorde Saye e Sele. A igreja foi construída em 1896 pela família Heaven e em 1925 foi a ilha adquirida pelo falecido Martin Cole Harman, continuando na posse desta família.
Pelas cartas régias outorgadas pelos soberanos britânicos foram concedidos aos seus proprietários, privilégios de vária ordem tais como o direito de recusa de acostagem, a isenção de impostos e taxas, a fiscalização da pesca, a cunhagem de moeda e, modernamente, a emissão de selo. Tratando-se de selos privativos, é claro que os catálogos universais não os mencionam, nem mesmo o inglês Stanley Gibbons.
Estes selos são expressos na própria unidade monetária da ilha, o “puffin” (mergulhão), equivalente ao “dinheiro” inglês e são obrigatoriamente utilizados na franquia da correspondência que um barco ou um pequeno avião transportam para transportam para Brauton, Bideford ou Ilfracombe na costa inglesa. Simplesmente como Lundy não faz parte da U.P. U., toda a correspondência deve levar também um selo inglês da respectiva taxa para não ser multada à sua entrada na Inglaterra.



O regulamento postal interioriza mesmo que os dois selos não devem ser apostos no mesmo lado, ao passo que o regulamento inglês preceitua que o selo deve ser colado ou o carimbo de porte pago no lado reservado ao endereço (fig. 4 e 5), pelo que, tratando-se de postais ilustrados, tem o selo de Lundy que ser necessariamente aposto do lado da ilustração.
Este facto e a circunstância de os primeiros selos representarem um mergulhão, possibilitou a realização de postais máximos, cujo aparecimento data de 1930 (fig.), poucos meses após a emissão destes selos. Não nos vamos deter na numeração pormenorizada de todos eles (cerca de 200 ate hoje), nem na análise fastidiosa dos muitos carimbos com que têm sido obliterados, porque isso nos levaria longe demais.
A selecção de postais máximos de Lundy com variantes de postais das aves e de carimbos. É de cerca de 40 unidades constituindo, o seu conjunto uma curiosidade filatélica interessante sob triplo ponto de vista da originalidade, da raridade e do prazer que proporciona o seu belo aspecto.


(os pormenores filatélicos acima foram extraídos do artigo sobre Lundy publicado no Boletim da Sociedade “Les Máximafiles Français” pelo Cor. G. de la Ferté).


Da revista FRANQUIA número 6 de Maio de 1975


Editada por Daniel Costa



4 comentários:

  1. Boa tarde.
    Daniel, você é filatelista ?
    Toda forma de amor é válida.
    Passando para dar uma espiada nas novidades e para me desculpar da ausência - estou sem computador, dependendo de lanhouse, coisa que detesto fazer.
    Então, já preparou a sua pegadinha? O dia 1º de abril está chegando.
    FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja uma boa semana para você.
    Beijo grande.
    Saudações Educacionais !
    http://www.silnunesprof.blogspot.com

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  2. ola passei pare te agradecer as belas palavras
    no meu blog um beijinho com carinho obrigada

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  3. Oi Daniel, passando pra registrar meu carinho e agradecer o prestígio e a visita carinhosa no meu Solidão de Alma. Um grande abraço, volte sempre.

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  4. Olá, camarada lusitano. Sou descendente de William de Marisco e gostaria de informar-lhe que, infelizmente, este sobrenome não é de origem lusa. O sobrenome é proveniente da Normandia, norte da França, mas já nos misturamos durante séculos com britânicos. Meu sobrenome é "de Marisco van der Kaap", moro no sul do Brasil. Um abraço.

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