sábado, 12 de dezembro de 2009

FRANQUIA / MAXIMAFILIA



CONCORDÂNCIA DE MOTIVOS



No anterior artigo tratei da concordância de lugar que condiciona a escolha da obliteração para as diferentes categorias de postais máximos.
Mais importante ainda é regra de concordância de motivos, a primeira das três que, em conjunto, dão à nossa peça filatélica aquela expressão de inegável beleza que a tem imposto à consideração de todos os filatelistas.



Trata-se, nem mais, nem menos, do que escolher o postal que há-de servir de suporte ao selo de que se parte para a realização do postal máximo.
No “Estatuto do Postal Máximo” adoptado pela Federação das Sociedades Filatélicas Francesas, indicam-se as características a que deve obedecer o postal ilustrado a utilizar.
“O seu motivo deve apresentar a melhor analogia possível como o do selo. De preferência deve ser “comercial “, isto é, estar à venda nas lojas, (fig. 1) ou, na sua falta, ser constituído por uma edição particular que reproduza um documento anterior à emissão do selo (fig. 2). Os postais que copiem o selo não são válidos”.
Não existindo qualquer documento, admite-se, como último recurso, a reprodução da maqueta que serviu para a confecção do selo, (fig. 3).

Ainda no caso de não haver postais ou documentos idênticos ao selo e não ser fácil nem viável a reprodução da maqueta do autor do selo, é também permitido recorrer-se à concordância de ideais, de tal forma que a ideia dominante expressa no selo se reflita com evidência no postal, (fig. 4).


Os postais editados por entidades oficiais que reproduzam o selo por fotografia ou desenho, ou sejam nele inspirados e tenham a sua propaganda, geralmente com fins beneficentes ou patrióticos, podem ser utilizados na realização de postai máximos, (fig. 5) devendo, no entanto, excluir-se todos os postais em idênticas circunstancias editados por pessoas singulares ou colectivas, se qualquer carácter oficial.

Se há casos em que o documento que se pretende é facilmente obtível e a sua reprodução se nos apresenta de uma forma simples e natural, outros há, porém, em que já não é assim, avolumando-se as dificuldades à medida que se procura uma solução óptima para o problema. Cita-se, como exemplo, o postal máximo de S. Martinho de Dume (fig. 6) em que, após buscas minuciosas e infrutíferas por livrarias e bibliotecas à procura de um documento idêntico ao selo, aliás apenas fruto da imaginação do artista – se optou pela reprodução de parte da imagem do Santo evangelizador existente na igreja matriz de Dume (Braga).

Nos casos em que o motivo do selo seja pouco apropriado à realização do postal máximo, quer por não se encontrar documento algum que possa ser utilizado, quer mesmo por não serem viáveis a reprodução da maqueta ou a solução de concordância de ideias, é preferível desistir-se pura e simplesmente da criação do postal máximo correspondente. É o caso, por ex. dos nossos selos comemorativos do 75º. Aniversário da U.P.U., do 25º. Aniversário da Revolução Nacional, do 1º. Centenário da U.I.T. e de tantos outros. É que qualquer tentativa de realização de postais máximos com tais selos não poderia deixar de ser um fracasso, tanto quanto se pode avaliar pela análise dos referidos selos.
Quando no mesmo selo se incluem motivos diferentes devem realizar-se, sempre que possível, tantos postais máximos quantos os motivos parciais do selo. O caso mais típico de tais selos é a série comemorativa do 1º. Aniversário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul em que figuram: Os dois heróis da travessia, Gago Coutinho e Sacadura Cabral; os residentes de então de Portugal e do Brasil, Drs. António José de Almeida e Epitácio Pessoa; a Torre de Belém e o Pão de Açúcar; a caravela e o aeroplano. Nessa altura encontrava-se à venda uma grande variedade de postais ilustrados de quase todos esses motivos, separados ou em vários conjuntos, devido ao entusiasmo delirante que tão arrojado feito suscitou então entre as populações inteiras de Portugal e do Brasil.
Lembra-se a propósito, que segundo disposições internacionais o postal ilustrado, mesmo que não circule pelo correio, como é em geral, o caso do postal máximo, deve ter aproximadamente uma das seguintes dimensões rectangulares:
Clássico: 9 X 14 cm
Internacional: 10, 5 X 15 cm
Aparecem por vezes postais com dimensões intermédias ou desproporcionadas, produtos da fantasia ou da ignorância dalguns realizadores ou editores, mas o realizador consciencioso nuca se deve afastar daquelas dimensões.




In FRANQUIA número 4, de Março de 1975
Editor Daniel Costa



3 comentários:

  1. Olá, Daniel!
    Muito Belo!
    Continuo apreciando e acompanhando.
    Obrigada, Anjo
    Beijos,

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  2. Que trabalho portentoso!
    Daniel, eu já falei, mas não custa nada repetir: você é um baluarte cultural que todos nós nos honramos de ter entre nós.
    Muito, muitíssimo grata por sua Amizade!
    Continuemos assim por todos os Natais e seja sempre otimista e feliz junto aos seus!!!
    Afeto da sua amiga!!!

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  3. Daniel um trabalho excelente, criativo e muito talentoso! Uma riqueza cultural atraves da tua capacidade de nos contar historias!
    Desejos de um Feliz Natal e um prospero Ano Novo!
    Beijo carinhoso

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