terça-feira, 22 de dezembro de 2009

FRANQUIA



Árvore de Natal 2009 - Avenida do Uruguai, BENFICA - LISBOA





CONCORDÂNCIA DE TEMPO



Para que haja concordância de tempo é necessário que a obliteração seja da época, isto é:


a) Dentro do período de circulação do selo (fig. 1)
b) De preferência do primeiro dia (fig. 2))
c) Ou, então, do último (fig. 3)



Esta regra de concordância de tempo, que até 1930 se observava com todo o rigor, tem suscitado nos últimos anos polémicas entre os maximafilistas de vários países, a tal ponto que ela constituiu o principal assunto de discussão no Simpósio celebrado em Bucareste por ocasião da II Exposição Europeia de Maximafilia “EUROMAX 74” em Outubro do ano passado.
Neste Simpósio, em que tomaram parte delegados de 12 países europeus, entre os quais o signatário, procedeu-se ao estabelecimento do “Estatuto da Maximafilia”, a apresentar no congresso FIP em Madrid no próximo mês de Abril, com vista à criação duma Classe independente da modalidade.
Ficou assente que o chamado “postal retardatário”, no qual a obliteração (mesmo que houvesse concordância com o motivo do selo) havia sido aposta após a sua retirada de circulação, não mais poderia ser admitido nas exposições (fig. 4).
Naqueles países – e muitos eles são – em que não há data limite para a circulação de selos, a concordância é “máxima” quando a obliteração tenha sido aposta no aniversário do acontecimento comemorado ou da personalidade homenageada, “muito boa” quando a obliteração é do primeiro dia, “suficiente” naos restantes casos.





Depois de o selo retirado da venda a concordância é “medíocre” e o postal poderá ser qualificado de “retardatário”, a não ser que a obliteração seja concordante com o motivo do selo.
Quando a “data da retirada” não é conhecida oficialmente admite-se que depois tem um período de 5 anos após a emissão do selo, a obliteração de um postal (salvo no caso de excepção acima) considera-se igualmente “medíocre”.
Não se deve esquecer que durante o período de circulação do selo tês prioridade as regras de concordância de lugar. Vem isto a propósito da tendência exagerada que se observa modernamente de dar preferência, sobre qualquer outra, à obliteração do primeiro dia, sobretudo desde que os Correios de um grande número de países puseram á disposição dos utentes carimbos especiais do primeiro dia de circulação dos selos, quantas vezes sem se atender ao acontecimento que eles comemoram.
Deve-se contrariar tal tendência, quando a concordância de lugar não é respeitada, porque daí provém realizações, não só sem qualquer interesse para a Maximafilia, mas até com graves inconvenientes para a sua expansão, como já se disse em artigo anterior.
No nosso país, infelizmente, os exemplos deste género são de todos os dias, desde a série do Centenário do Ministério das obras públicas até à actual série corrente, em que os carimbos especiais do primeiro dia não vão além de Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal, quase sempre sem qualquer relação com o motivo do selo (fig. 5). É por isso de capital importância, antes de se aplicarem os carimbos de primeiro dia, verificar se as regras de concordância de lugar não são desrespeitadas.

In Revista FRANQUIA número 5 de Abril de 1975
Editada por Daniel Costa









sábado, 12 de dezembro de 2009

FRANQUIA / MAXIMAFILIA



CONCORDÂNCIA DE MOTIVOS



No anterior artigo tratei da concordância de lugar que condiciona a escolha da obliteração para as diferentes categorias de postais máximos.
Mais importante ainda é regra de concordância de motivos, a primeira das três que, em conjunto, dão à nossa peça filatélica aquela expressão de inegável beleza que a tem imposto à consideração de todos os filatelistas.



Trata-se, nem mais, nem menos, do que escolher o postal que há-de servir de suporte ao selo de que se parte para a realização do postal máximo.
No “Estatuto do Postal Máximo” adoptado pela Federação das Sociedades Filatélicas Francesas, indicam-se as características a que deve obedecer o postal ilustrado a utilizar.
“O seu motivo deve apresentar a melhor analogia possível como o do selo. De preferência deve ser “comercial “, isto é, estar à venda nas lojas, (fig. 1) ou, na sua falta, ser constituído por uma edição particular que reproduza um documento anterior à emissão do selo (fig. 2). Os postais que copiem o selo não são válidos”.
Não existindo qualquer documento, admite-se, como último recurso, a reprodução da maqueta que serviu para a confecção do selo, (fig. 3).

Ainda no caso de não haver postais ou documentos idênticos ao selo e não ser fácil nem viável a reprodução da maqueta do autor do selo, é também permitido recorrer-se à concordância de ideais, de tal forma que a ideia dominante expressa no selo se reflita com evidência no postal, (fig. 4).


Os postais editados por entidades oficiais que reproduzam o selo por fotografia ou desenho, ou sejam nele inspirados e tenham a sua propaganda, geralmente com fins beneficentes ou patrióticos, podem ser utilizados na realização de postai máximos, (fig. 5) devendo, no entanto, excluir-se todos os postais em idênticas circunstancias editados por pessoas singulares ou colectivas, se qualquer carácter oficial.

Se há casos em que o documento que se pretende é facilmente obtível e a sua reprodução se nos apresenta de uma forma simples e natural, outros há, porém, em que já não é assim, avolumando-se as dificuldades à medida que se procura uma solução óptima para o problema. Cita-se, como exemplo, o postal máximo de S. Martinho de Dume (fig. 6) em que, após buscas minuciosas e infrutíferas por livrarias e bibliotecas à procura de um documento idêntico ao selo, aliás apenas fruto da imaginação do artista – se optou pela reprodução de parte da imagem do Santo evangelizador existente na igreja matriz de Dume (Braga).

Nos casos em que o motivo do selo seja pouco apropriado à realização do postal máximo, quer por não se encontrar documento algum que possa ser utilizado, quer mesmo por não serem viáveis a reprodução da maqueta ou a solução de concordância de ideias, é preferível desistir-se pura e simplesmente da criação do postal máximo correspondente. É o caso, por ex. dos nossos selos comemorativos do 75º. Aniversário da U.P.U., do 25º. Aniversário da Revolução Nacional, do 1º. Centenário da U.I.T. e de tantos outros. É que qualquer tentativa de realização de postais máximos com tais selos não poderia deixar de ser um fracasso, tanto quanto se pode avaliar pela análise dos referidos selos.
Quando no mesmo selo se incluem motivos diferentes devem realizar-se, sempre que possível, tantos postais máximos quantos os motivos parciais do selo. O caso mais típico de tais selos é a série comemorativa do 1º. Aniversário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul em que figuram: Os dois heróis da travessia, Gago Coutinho e Sacadura Cabral; os residentes de então de Portugal e do Brasil, Drs. António José de Almeida e Epitácio Pessoa; a Torre de Belém e o Pão de Açúcar; a caravela e o aeroplano. Nessa altura encontrava-se à venda uma grande variedade de postais ilustrados de quase todos esses motivos, separados ou em vários conjuntos, devido ao entusiasmo delirante que tão arrojado feito suscitou então entre as populações inteiras de Portugal e do Brasil.
Lembra-se a propósito, que segundo disposições internacionais o postal ilustrado, mesmo que não circule pelo correio, como é em geral, o caso do postal máximo, deve ter aproximadamente uma das seguintes dimensões rectangulares:
Clássico: 9 X 14 cm
Internacional: 10, 5 X 15 cm
Aparecem por vezes postais com dimensões intermédias ou desproporcionadas, produtos da fantasia ou da ignorância dalguns realizadores ou editores, mas o realizador consciencioso nuca se deve afastar daquelas dimensões.




In FRANQUIA número 4, de Março de 1975
Editor Daniel Costa



segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

FRANQUIA


CONCORDÂNCIA DE LUGAR



Por várias vezes tenho respondido a pedidos de esclarecimento quanto à obliteração mais apropriada para se conseguir um postal máximo que obedeça à definição universalmente adoptada. Apesar disso verifico com pesar que ainda há realizadores que não têm em conta a regra de concordância de lugar, dando preferência aos carimbos especiais de localidades diferentes das dos motivos reproduzidos nos selos que de postais máximos só têm o nome.

É caso, por exemplo, dos postais máximos realizados com os últimos selos da série corrente, em que tanto o da misericórdia de Viana do Castelo (fig. 1) como o do Jardim do Paço em Castelo Branco (fig. 2) apareceram obliterados com o carimbo de Lisboa, quando daquelas cidades são válidos.
E porque o assunto tem efectivamente muita importância, permito-me repetir e ampliar aqui sobre o que sobre ele disse há anos no Clube de Fenianos do Porto por amável convite da Liga Portuguesa de Profilaxia Social.
Um bom postal máximo exige que a obliteração tenha relação directa com o motivo do selo. Vou pormenorizar, para cada caso, em que consiste essa relação directa indicando entre parêntesis, alguns postais máximos de acordo com o estabelecido.


1 – Para as personagens e por ordem de preferência devem obliterar-se os selos:
a) No lugar do nascimento (Stº. António de Lisboa) (fig. 3)
b) No lugar do falecimento (Guerra Junqueiro – Lisboa) (fig. 4)
c) Onde exerceram a sua actividade (Guilherme Gomes Fernandes – Porto) (fig.5)

Para os Chefes de Estado não há qualquer exigência especial, servindo portanto, a obliteração de qualquer localidade do País o de território sob a sua chefia e onde o selo tenha curso, dando-se, porém, preferência à capital desse País ou território.


2. Para lugares, trajos e costumes, monumentos e paisagens devem os selos ser obliterados nas localidades onde estiverem situados, ou na localidade mais próxima não havendo posto de correio no lugar representado no selo. É o caso do selo de 100$00 há meses emitido para desespero dos filatelistas, que representa as Lagoas de Sete Cidades, Ilha de S. Miguel, Açores, cuja obliteração deve ser de Ponta Delgada, (ver cabeçalho da rubrica).

O mesmo se pode dizer das estátuas das personagens representadas em efígie nos selos, como é o caso do que foi há pouco emitido em homenagem ao nosso Rei Soldado e 1º. Imperador do Brasil, com o qual realizados postais máximos com as estátuas erigidas à sua memória no Porto e em Lisboa, carimbados naturalmente nas respectivas cidades.
Dada a tendência, em muitos casos injustificada, como atrás se refere, de se preferirem os carimbos especiais do 1º. Dia, daqui se faz um apelo aos CTT para de futuro, em casos semelhantes e tal como se faz lá fora, emitirem carimbos das localidades onde se situam os motivos dos selos, eliminando-se assim as anomalias que hoje se verificam por essa preferência.
E, a propósito, não resisto à tentação de citar o caso típico passado com a linda série dos “Moinhos de Vento”, em que não foi possível utilizar um só dos clássicos e quase sempre impróprios carimbos especiais de Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal, cuja uniformidade ninguém compreende.


3. Para as Obras de Arte devem os selos ser obliterados de preferência:
a) Na localidade onde estivar disposta (Anjo Românico – Coimbra) (fig. 6)
b) No lugar de nascimento do seu autor (N. Sa. Da Rocha – Vinci, Itália
c) na capital do País emissor do selo se o autor da obra de arte for de outra nacionalidade e aquela estiver exposta noutro País (Todos os selos do tema “Pintura” do Paraguai, emiratos Árabes, etc.).
d) em qualquer local com relação íntima com a obra representada ou com o seu autos (Leonardo da Vinci – Amboise, França).

4. Para navios, aviões e caminhos de ferrro, respectivamente:
a) Do porto de registo do navio ou de bordo
b) De qualquer aeroporto
c) De qualquer estação de caminho de ferro. Pressupõe-se, evidentemente, que haja portos de correio nos locais acima referidos. Não havendo, procura-se a obliteração mais apropriada.

5) Para bandeiras, armas, brasões e alegorias sem relação directa com qualquer localidade a obliteração da obliteração deve ser a capital do país.



6) Para “Flora” e “Fauna” qualquer obliteração serve, dando-se, porém, preferência a obliterações especiais relacionadas com o motivo do selo, como são, por ex., os carimbos ilustrados da Welwitschia: “Festas do Mar” – Moçamedes e o do elefante. Mostra Filatélica Temática Desportiva” – Benguela, isto para não citar senão selos de Angola.

7. Quando o selo represente um monumento ou uma personagem de um País, estrangeiro deve escolher-se, no País que emitiu o selo, o local que lhe seja mais apropriado (Rowland Hiil – Lisboa. Este caso tem suscitado larga controvérsia entre maximafilistas, uns, os ortodoxos, rejeitando pura e simplesmente os postais máximos realizados em tais condições, os realistas, aceitando-os sem reservas no desejo de aumentarem as suas colecções com peças de real valor artístico, como e o caso de inúmeros selos do Mónaco, S. Marino, Vaticano, N. Sª. de Fátima e tantos outros. Aqui como em qualquer outra modalidade, é o critério do coleccionador que deve prevalecer como índice da sua personalidade e bom gosto.
Julgo ter esclarecido convenientemente os interessados, mas, se ainda dúvidas surgirem sobre este problema ou outros da especialidade, terei muito prazer em responder a quaisquer perguntas que me façam nesse sentido.


In FRANQUIA número 3 de Março de 1974 – postado por Daniel Costa – editor

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

FRANQUIA



ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE MAXIMAFILIA
NASCEU UMA REALIDADE

Estávamos em 1978 tinha nascido a APM, a causa próxima do seu nascimento foi simples.
O Eng. Furtado em conversa comigo e motivado com o êxito dos seus artigos, publicados na FRANQUIA, sob a minha direcção, fizera “demarches” para ser aceite um núcleo maximófilo em determinado Clube, queixava-se do tempo de espera por uma decisão final.
Eu – Senhor Engenheiro Furtado, porque não cria um Clube de Maximafilia, independente?
Engenheiro – senhor Costa, e quantos sócios acha que arranjaria para arrancarEu – contando nomes previsíveis: cerca de 25.
Engenheiro – de olhos arregalados:
Para dar início, seriam precisos 20.
No dia seguinte disse:
Estive a equacionar o que disse ontem, a Associação vai avançar!
Assim ainda nesse ano, de 28 de Junho a 2 de Julho de 1978, tinha lugar, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, a primeira Exposição independente de Maximafilia, com 27 participações.


Em 1979, à parte mas integrada na primeira TURIPEX, em Alvor, deu-se nos Paços do Concelho, em Portimão, a Exposição Bilateral de Maximafilia, Portugal – Roménia.

Bilateral: Portugal-Roménia 1979.
Nos Paços de Concelho, em Portimão, o Engº. Furtado (à direita) recebe o Embaixador da Roménia, que tem à esquerda (na ordem) os Jurados daquele país Drs. Apostol Turbatu e Valeriu Neaga
Foto Joaquim Cortes


TURIPEX 79: Charge do Engº. Furtado sob o olhar de Alice Martins, a bordo do "Algarvesol", Passeio Marítimo Portimão-Vila Moura, que fez parte do Programa Social
Foto de Joaquim Cortes

A criação da Associação Portuguesa da Maximafilia, teve início na FRANQUIA, mas deveu-se à exemplar tenacidade do Engº António dos Santos Furtado, que para promover a especialidade, pagou bastante do seu bolso.
Recordo as suas participações extra-concurso, na Internacional, Comemorativa do Centenário do Selo Português, em 1953 e a VIII EXPOSIÇÃO FILATÉLICA NACIONAL – LUANDA 70, esta com catálogo próprio da participação.
Não esquecer que o maior acervo de Postais máximos do mundo, era pertença do que terá sido o maior animador universal e um dos pioneiros da Maximafilia, que nasceu na mente dos cartófilos, como ela era, quando os postais eram selados na frente.
Começou com a inovação de se procurar adequar o selo ao postal para trocas.


Daniel Costa